Duas embaixadoras dos direitos da criança em Moçambique ministram formação para meninas que foram forçadas a abandonar a escola e a casar. Várias delas já são mães, mas agora estão aprendendo sobre seus direitos à educação e a seguirem seus sonhos.
Todas as crianças têm os mesmos direitos, independentemente do gênero. A Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança afirma claramente que todas as crianças são iguais.
Por que isso é importante?
Quando as meninas e mulheres têm os mesmos direitos que os rapazes e homens, isso não é bom apenas para elas, mas para todos aqueles que as rodeiam. Demonstrou-se que, quando as meninas recebem educação e são tratadas de forma igualitária, isso reduz a pobreza e melhora a qualidade de vida de todos, incluindo de rapazes e homens.
Celebre os direitos das meninas
A ONU designou o dia 11 de outubro como o Dia Internacional da Menina. Você pode participar ou criar seus próprios eventos para aumentar o conhecimento sobre os direitos das meninas. Certifique-se de que a sua família e as pessoas à sua volta compreendam que esses direitos devem ser respeitados. Lembre-se, a luta por direitos não é apenas para meninas; rapazes também devem participar nos esforços para provocar mudanças reais.
Os direitos das meninas são descritos deste modo em alguns artigos da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança.
Estas meninas em Bangladesh têm tempo para brincar depois da escola, uma oportunidade que muitas meninas ao redor do mundo não têm. Como é isso onde você vive?
Você e todas as outras crianças devem poder brincar e descansar, praticar esportes e ter outros interesses de lazer. Infelizmente, as meninas muitas vezes têm menos tempo e menos oportunidades para praticar esportes. Muitos protestaram contra isso por um longo tempo. Todos deveriam ter oportunidades iguais, independentemente do gênero!
Em muitos países, as meninas frequentemente têm mais tarefas domésticas do que os rapazes, o que significa que elas têm menos tempo livre. Enquanto as meninas limpam a casa ou cuidam dos irmãos mais novos, os meninos muitas vezes têm tempo para brincar ou relaxar. Em muitas partes do mundo, as meninas têm de caminhar longas distâncias para ir buscar água para as suas famílias. Isso pode demorar um dia inteiro, deixando-lhes pouco tempo para o trabalho de casa (escolar), principalmente se não houver eletricidade em casa.
Meninas e mulheres erguem a voz contra a violência dos homens contra as mulheres em Londres, Reino Unido. Você já fez algo assim?
Nenhuma criança deveria sofrer violência. No entanto, isso é comum em todo o mundo, onde as meninas, em particular, correm o risco de serem espancadas e assediadas, por exemplo, por um parceiro, por seus irmãos ou pais. A violência ocorre dentro e fora de casa. Além disso, algumas meninas que procuram ajuda não são acreditadas nem apoiadas.
Em situações extremas, como em guerras e catástrofes naturais, as meninas também correm maior risco de serem expostas à violência e ao abuso sexual.
Você sabia que a depressão é mais comum entre meninas do que entre meninos em muitas partes do mundo?
Quando uma menina fica doente, ela nem sempre recebe os mesmos cuidados que os meninos, especialmente se a sua família for pobre. Por vezes, as meninas recebem menos comida e são vacinadas com menos frequência do que seus irmãos. Isso pode levar a mais doenças e mortes.
Dayana, 15 anos, arruma o cabelo depois de ser resgatada de uma vida difícil nas ruas de Medellín, na Colômbia.
As meninas frequentemente são colocadas sob maior pressão sobre a sua aparência e comportamento – das suas roupas até seus passatempos e sonhos. Algumas sequer têm permissão para fazer coisas como andar de bicicleta ou correr, só porque são meninas. Muitas meninas passam por muito estresse e pressão devido aos ideais de beleza irrealistas, à pressão dos colegas e, às vezes, às tradições antigas.
Algumas pessoas acreditam – erradamente – que a educação não é tão importante para meninas quanto para rapazes. Em países como a Índia, alguns pais pensam que é um desperdício uma filha estudar porque, de qualquer forma, ela “pertencerá” a outra família quando se casar. E se a escola numa região pobre não tiver banheiros separados e seguros para as meninas, muitas ficam em casa quando menstruam. Elas perdem aulas, e aquelas que não conseguem acompanhar muitas vezes abandonam a escola. Outras meninas param de estudar porque algum adulto na escola as maltrata. Há até mesmo professores e diretores que tentam forçar suas alunas a fazer sexo com eles, ameaçando-as com notas baixas e reprovação nos exames.
Meninas que recebem educação escolar casam-se mais tarde e têm menos filhos, e mais saudáveis. Para cada ano a mais que uma menina vai à escola, a sua renda futura aumenta em até um quinto! Isso é bom para ela e sua família, mas também para seu país.
Guerline foi explorada como escrava doméstica na casa de outra pessoa desde que tinha cinco anos. No seu país, o Haiti, isso se chama “restavék”, e é muito comum.
Nem meninas nem
meninos devem trabalhar antes dos 12 anos, nem ser forçados a realizar trabalho pesado e nocivo antes dos 18 anos. No entanto, meninas frequentemente trabalham em alguns dos empregos mais difíceis, e com os salários mais baixos. Isso inclui o trabalho agrícola e o trabalho doméstico em residências particulares. Muitas meninas no mundo todo são exploradas como escravas domésticas, às vezes, trabalhando 12-14 horas por dia sem remuneração.
Ninguém pode prejudicar crianças, nem mesmo que a tradição o determinar. Algumas tradições são positivas, mas outras não são aceitáveis, como costume doloroso e prejudicial de cortar o clitóris das meninas. A pressão social do entorno pode, por vezes, significar que muitas pessoas acreditam que a chamada mutilação genital é necessária antes do casamento. Porém, muitas outras lutam contra tradições como esta, que causam dor, danos e sofrimento por toda a vida.
Adama, 15 anos, fala sobre direitos iguais para meninas diante de toda a aldeia. Quando a sua mãe era jovem, as meninas no Senegal não tinham permissão para falar abertamente, mas agora as reuniões da aldeia incluem todas as pessoas.
As vozes de todas as crianças importam. Infelizmente, as vozes das meninas muitas vezes são ignoradas e vistas como menos importantes do que as dos rapazes.